☕ Café com Satoshi #42: Veja a Probabilidade de Você Estar Numa Simulação 🧞
Tem 99% de chance de você estar numa simulação, agora.
Quem diz não sou eu. É o 3º homem mais rico do planeta.
Elon anda em baixa com bitcoiners, mas, neste tema, temos de dar ouvidos a ele.
Musk reitera que sim - você provavelmente está dentro de uma versão do videogame de alguém. Mas não - você não deveria se desesperar. Veja por quê 👇
🧠 Uma Hipótese Provável
O avanço da civilização deixa 2 rastros inequívocos: o consumo de energia e a capacidade computacional crescem exponencialmente.
Podemos inferir, então, que qualquer civilização suficientemente evoluída teria a sua disposição um poder computacional enorme.
Agora, pense comigo:
Numa civilização, há aqueles que têm interesse em rodar simulações da realidade… e aqueles que simplesmente não têm interesse nisso. Para fins científicos, lúdicos, ou qualquer outro objetivo - não importa.
O que importa é a seguinte constatação:
Mesmo que somente uma parcela minúscula da população tenha interesse em executar "simulações indistinguíveis da realidade", o número de indivíduos simulados no universo (“sims”) excederia rapidamente o número de indivíduos "reais".
Ou seja:
A chance de qualquer indivíduo estar habitando um universo simulado é estatisticamente muito maior do que aquela de estar na "realidade-base"…
…a não ser que, dentre as espécies do nosso universo, ninguém tenha interesse em praticar tais simulações, ou — pior ainda — ninguém tenha se tornado capaz.
(a maioria das pessoas resiste a este argumento partindo da premissa de que a sua consciência é especial demais para sequer ponderar que talvez possa ser sintética)
Nenhum destes 2 casos diminui a chance de sejamos produto de uma simulação, somente a chance de que tenhamos sido (ou venhamos a ser) a "realidade original".
E ambos - tanto o desinteresse quanto a incapacidade - significam que estaríamos confinados, provavelmente pra sempre, ao espaço e tempo em que nascemos.
😳 Do Pong aos Dias de Hoje
O primeiro videogame comercial de que se tem notícia eram basicamente dois riscos e uma bolinha num plano bidimensional preto e branco.
Daí vieram os fliperamas. Depois, jogos de tiro em primeira pessoa.
Um marco para a indústria foi o Doom - que permitiu a expansão dos mapas ao adotar a técnica de só renderizar o pedaço dele para o qual o jogador estivesse olhando, a qualquer dado momento.
Veio o 007. Games com missões não-lineares, como o Mario 64. Mundos abertos como o GTA.
Aceleremos a fita até 2019. No Man's Sky (jogo para PC) decorre num universo generativo: cada planeta, animal e planta é criado randomicamente por um algoritmo evolutivo. Até a música é generativa. É navegável em realidade virtual e passível de ser aumentado por sensores hápticos e outros equipamentos sensitivos. Cada nova espécie tem afinidade com um grupo único de objetos (ex: um tipo de fruta), e uma proximidade maior com irmãos ou amigos. Inclusive, dividem com estes quase a mesma memória (ex: ameaças avistadas), como se os bichos estivessem telepaticamente conectados 😳
Em 4 décadas, nós saímos de uma tela com dois pauzinhos para um mundo incomparavelmente mais “parecido com a realidade”.
Onde chegaremos nas próximas 40 décadas?
Se assumirmos qualquer taxa de melhoria no nível de realismo dos jogos, é mera questão de tempo até que se tornem indistinguíveis da realidade. A não ser que a civilização termine antes disso.
Incentivos para o progresso não faltam.
1 em cada 3 seres humanos jogam videogame. São quase 3 bilhões de players globalmente.
Gastou-se praticamente o PIB da Hungria em (U$174.9B) em videogames no ano passado. 2x mais que o faturamento das indústrias da música e do cinema, juntas.
Sua vó achava um absurdo quando seu pai passava 3 horas do dia na frente da TV. Hoje você passa 15 grudado no celular - e a mamãe nem liga!
Antes os computadores ficavam sobre a mesa. Então, no seu colo. Depois, no bolso da calça. Agora, dentro dos seus ouvidos.
Você percebe o rumo que isso tá tomando?
Gastamos cada vez mais tempo socializando, trabalhando e nos divertindo dentro de emuladores cibernéticos. Alucinações coletivas em redes de computação - como diria William Gibson, em Burning Chrome (1982).
As crianças não querem mais ser jogadoras de futebol, mas sim youtubers. Os youtubers querem ser boxeadores, apresentadores - estrelas sem fronteiras. A mesada dos pequenos não vai mais para figurinhas de álbum - mas sim para as moedinhas do Roblox e fantasias no Fortnite.
A cultura e a economia são outras, depois dessa fronteira. E nós já a ultrapassamos.
Se você ainda não reconhece, é porque está vivendo com um pé no passado.
🏆 Cultura & Economia
O universo dos jogos online ainda opera sob alto grau de fragmentação. Como se cada franquia fosse um shopping com sua própria moeda, sua própria carteirinha de identificação, escala própria de números de sapato...
Quando você ouvir alguém se referindo ao "Metaverso", a ideia por trás da expressão é a de uma versão evoluída desse substrato lúdico. Uma versão onde um item é seu, para sempre (ou até quando decidir vender), não importa em qual jogo estiver. Uma versão onde a posse de múltiplas identidades é normalizada. Onde avatares são celebridades, skins são joias e bits são dinheiro.
Experiências de videogame foram historicamente limitadas a uma oferta finita de conteúdo criado profissionalmente. O que acontece quando rompemos com essa barreira - com a proliferação de ferramentas criativas de IA e conteúdo gerado por usuários (UGC)?
Onde chegamos quando colocamos o GPT-3 (modelo de linguagem escrita da OpenAI) para roteirizar, on-demand, as falas dos personagens NPC (non-person-character) de um GTA, ou qualquer outro jogo de mundo aberto?
Até quando vai ser socialmente aceitável simplesmente dar um tiro na cabeça de um NPC? Qual é a chance de que, hoje, antes de ler este e-mail, você tenha cruzado ou interagido com um NPC? 😳
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📚 Dicas de Leitura para a Semana
➡ 🎮 The Simulation Argument (Nick Bostrom)
A origem de boa parte dos questionamentos postulados nessa newsletter.
➡ ⏳ Everlasting Options (Dave White & Sam Bankman-Fried)
Aplicando o racional dos futuros perpétuos para conceber outro tipo de produto financeiro que jamais expira: everlasting options.
➡ 🔹 Why ETH Will Win Store of Value (Michael McGuiness)
Tese bem construída de um etherino empolgado, pra ajudar a testar tuas convicções.
➡ 👨🎨 Indie Game (Lisanne Pajot, James Swirsky)
Documentário retratando a fissura apaixonada de alguns desenvolvedores por criar os jogos mais impecáveis do planeta.