☕ #78: Quem Será o Próximo Presidente a Comprar BTC? 👨⚖️🎩
4 estratégias pra Bancos Centrais adquirirem Bitcoin.
Os presidenciáveis americanos estão desesperados pelo voto dos bitcoiners 😳
Trump vai palestrar na Bitcoin24, evento que começa amanhã, em Nashville. Kamala Harris talvez apareça também.
Esta realidade era impensável 4 anos atrás, quando, pela 1ª vez, um Banco Central sinalizou publicamente seu desejo de acumular a criptomoeda.
Daqui pra frente, isso vai ser cada vez mais comum. Na edição de hoje, tento responder às seguintes perguntas:
Como Bancos Centrais podem adquirir BTC?
O quê eles podem fazer com as moedas?
Quem é o próximo da fila?
🤝 Motivação Política
Tem uma semelhança gritante entre os early adopters de cripto a nível estatal - do Irã à Bielo-Rússia à Venezuela.
Exclusão. Castigo institucional. O mundo chutou eles pra fora da sala.
A marginalização também foi o que originalmente atraiu pessoas para o Bitcoin, na década de 2010.
O propulsor da criptomoeda foi a necessidade, acima da ganância.
Foram Charlie Shrems que tinham sido desbancarizados. Foram WikiLeaks’es cujas doações haviam sido retidas pelo PayPal.
“Os pioneiros eram infratores e aventureiros oportunistas” — os no-coiners eternamente apontarão. E isso pode ser direcionalmente correto. Não é uma mancha no legado satoshiano.
Assim como os fardos pessoais das tripulações dos Grandes Navegadores (em boa parte, marginais e condenados nas suas sociedades de origem) são só uma nota de rodapé na História.
Cinco séculos atrás, havia essa nova terra longínqua e badalada para explorar, e, se você não tinha nada a perder… por que não se lançar a desbravá-la?
Dissidentes e exilados. Hackers e deep webbers. Os adjetivos são irrelevantes. No final, a história só se recorda do ouro que eles encontram.
Quem você acha que topava passar meses num barco de madeira pra atravessar um oceano desconhecido? Quem não tinha nada a perder, é claro.
🏹 Estratégias de Aquisição
Quando foi a última vez que uma sociedade encontrou em suas fronteiras riquezas novas, virgens; desse tipo?
𓊝 A comparação com as Grandes Navegações é manca, uma vez que o BTC é distribuído globalmente. Ninguém tem um litoral mais próximo da terra prometida.
⛏️ O mesmo é válido para equivalências a quaisquer "corridas do ouro" (gold rushes). O Bitcoin está em toda parte. Novas minas podem surgir em qualquer lugar. Não há um privilégio geográfico sustentável para encontrá-lo.
🧨 A descoberta da pólvora, na China antiga? Diferente, no sentido de que o bitcoin se fez disponível para o mundo simultaneamente; sem que atores específicos tenham tido muito tempo para desenvolver uma vantagem cronológica.
🛰️ É correto, então, buscar paralelos para um potencial Bitcoin Rush na colonização do espaço sideral? Talvez. Mas o custo de se apossar um UTXO é ridículo comparado ao de se comprar alguns metros cúbicos entre as estrelas. Além disso, o espaço é infinito.
Resumindo: não existe analogia precisa pro que estamos testemunhando agora. Preciso que você limpe sua mente de preconceitos e viaje comigo pelo reino da especulação.
A seguir, proponho 4 abordagens para a aquisição de bitcoin a nível estatal.
🤴 1. O Jeito Colonialista
O Jeito Colonialista consiste em enviar mão de obra marginalizada (ou militar) para explorar a terra recém-descoberta, sob um pesado imposto sobre tudo o que é produzido. Geralmente acompanha a promessa etérea da "livre iniciativa".
Isso é o que os portugueses fizeram no Brasil. Os holandeses fizeram na África Ocidental.
É o que o Irã está fazendo com o cripto-solo.
Empreendedores individuais são “livres” para cavar Satoshium … contanto que vendam tudo direto para as carteiras dos Shāhs. Não está claro como o preço é determinado.
Podemos esperar que o mercado doméstico iraniano de bens precificados em BTC cresça. Muito esforço nas minas de ouro coloniais foi feito para prevenir o contrabando e a evasão — recorria-se a casas de fundição oficiais, taxas sobre tudo que os mineiros pudessem trazer para dentro e para fora das minas (como gado não registrado) e assim por diante.
Desenvolvimentos análogos seriam a de-fungibilização das moedas mineradas no Irã e um aumento na vigilância financeira doméstica — uma externalidade negativa da adoção do Bitcoin.
Quando se trata do Jeito Colonialista, também convém olhar para o outro lado da moeda.
Alguns historiadores mencionam que o déficit comercial de Portugal com os ingleses (Google “Tratado de Methuen”) contribuiu para redirecionar grande parte do ouro extraído no Brasil durante o século 18 para a Grã-Bretanha.
É digno de nota que os maiores credores e fornecedores do Irã são a China e os Emirados Árabes, portanto, a maioria dos sats dos Shāhs pode ter fim na mão de príncipes árabes ou do Partido Chinês (mais sobre isso na próxima seção).
😈 2. O Jeito Ditador
O Jeito Ditador consiste em confiscar moedas circulantes.
Isso pode acontecer dentro do país. Ou além de suas fronteiras físicas — caso em que a abordagem poderia ser melhor descrita como “Jeito Pirata”.
Normalizar a apropriação de bens privados é como um dedetizador para empreendedores — não se pode esperar que cripto-negócios floresçam na Venezuela, por exemplo.
Nenhum grupo sobrevive na pirataria para sempre, mas, em águas desconhecidas, um único tesouro pode fazer a jornada valer a pena.
Sempre há uma chance de agarrar o tesouro de uma vida e nunca mais ter que se preocupar com dinheiro novamente (veja a lenda de Barbanegra; também a apreensão de 200.000 BTC da Bulgária).
Rumores sugerem que a Coréia do Norte já acumulou mais de U$1 bilhão em criptos hackeadas pelo cyber-oceano.
A manifestação mais comum do Jeito Ditador, no entanto, são apenas velhos autocratas perseguindo as pegadas energéticas e surrupiando posses de mineiros locais.
Alguns dos ditadores mais aventureiros chegam até a criar suas próprias cyber-moedas, e tentam monetizá-las para potencial conversão em bitcoin, mais adiante.
💸 3. O Jeito Financista
O Jeito Financista é provavelmente o mais sutil. Compreende todos os incentivos criados com engenharia financeira que governos podem implementar para estimular os agentes do mercado livre a lhes darem bitcoin.
Alguns estados dos EUA já se movimentam para subsidiar hashrate dentro de suas fronteiras — taxar criptomoedas, mais à frente, poderia transformar isso em parte de uma política de aquisição mais ampla.
Vender bonds em troca de cyber-moedas é outra opção. O Banco de Construção da China, um dos 5 maiores do mundo, fez isso. O presidente de El Salvador, também.
O Financista está interessado em maximizar retornos com o mínimo risco— existe um caminho mais seguro pra fazer isso do que emitir dívida fiduciária em troca de ouro digital?
Nada mais que um puxão de tapete inteligente, discreto e multigeracional, se você me perguntar.
👷 4. O Jeito Empreendedor
O Jeito Empreendedor é a abordagem mais improvável, pois requer um reconhecimento humilde da superioridade do Bitcoin.
Ou seja, atribuir uma chance não trivial à probabilidade de que a rede sobreviva por mais tempo que a maioria dos países da Terra.
Estados empreendedores sacrificarão boa vontade política de curto prazo pela chance de prosperar em um cenário pós-governança.
Eles podem exportar bens por bitcoin. China, Emirados Árabes Unidos e Índia têm um canal aberto para debater ideias assim com o Irã, cujas importações vêm principalmente deles.
Estados empreendedores podem transformar bancos nacionais em parceiros de custódia multi-sig para pessoas comuns, em troca de uma taxa.
Mais importante: podem reconhecer o BTC como moeda de curso legal. Aceitar impostos pagos nele. Retirar-lhe impostos sobre ganhos de capital.
Desestigmatizar a moeda completamente.
🏦 O Que Fazer Com as Moedas?
Adquirir bitcoin é o primeiro passo. Mas, uma vez que esteja holdando… o quê um Banco Central faz?
Em 2010 Hal Finney foi visionário:
“Acho que este é o destino final do Bitcoin. Servir como ‘high powered money’ - um lastro para bancos que emitam seus próprios dinheiros digitais”
A visão de Hal ainda está um pouco distante. Bancos centrais não estão preparados nem interessados em “oferecer uma autoridade central para resolver cheques eletrônicos” denominados em cripto.
No entanto, há um monte de outras coisas a fazer com suas moedas:
Financiar importações (plano declarado do Irã);
Ameaçar o mercado ( a rede é imune à concentração de riqueza, embora um ator irracional e desesperado possa causar estragos nos preços com uma grande fatia da oferta em mãos);
Estabelecer uma espécie de “ETF soberano”, e mamar taxas de custódia pra sempre.
“Lastrear uma stablecoin não resgatável”;
Simplesmente acumular sats e arriscar ficar podre de rico no processo.
O que você faria?
🏦 Qual Será o Próximo Presida Bitcoiner?
Qual é o próximo capítulo? Qual dominó cai a seguir? Será que Trump vai tentar estabelecer uma reserva nacional de satoshis nos EUA?
Aqui vai uma heurística simples para avaliar a propensão de um país a abraçar o BTC.
Pense em dois vetores principais: grau de marginalização vs. independência política. O primeiro é o quanto ele precisa de Bitcoin. O segundo é o quanto ele tem a perder.
Países destacados em ambos os sentidos são os próximos da fila. Os passos do Irã serão seguidos primeiro por monarcas, vilões e outsiders— na ótica ocidental.
Isso fornecerá entretenimento de curto prazo, mas o que realmente importa é o BTC como uma frente cada vez mais importante na guerra cibernética sino-americana.
A posição política da China sobre a mineração tem sido tão bipolar quanto as monções, mas o império está long em bitcoin (por meio de indivíduos, mineradores subsidiados e exchanges amigáveis ao PCC).
Irã e Venezuela são dois atores importantes e imprevisíveis. Ambos parecem dispostos a arriscar qualquer legitimidade para recuperar autonomia econômica. Não é um exagero, neste ponto, conceber a possibilidade de transações em cripto logo se normalizem, entre eles.
Seria simbólico tentar isso com petróleo. O estabelecimento de uma cripto-OPEP é uma ideia selvagem, mas não tão distante quanto há alguns anos atrás.
Outros vizinhos importantes da China e dos EUA são, respectivamente, as potências tecnológicas do Sudeste Asiático e do Caribe.
Politicamente independentes, economicamente liberais, ambos os hubs financeiros já ostentam intenso intercâmbio e migração de capital. Isso pode aumentar tanto quanto Pequim estiver disposta a replicar o que fez em Hong Kong, em outros lugares.
A janela de oportunidade para os EUA cortarem a erva daninha do dinheiro mágico da internet silenciosamente se fechou (de fato, eles o fizeram, algumas vezes antes do Bitcoin).
Ambos os atuais candidatos presidenciais estão flertando com o cripto-eleitorado.
A discriminação de bancos contra cripto-empresas está sendo combatida.
Incentivar hashrate a migrar para solo americano é um pitch digerível entre investidores e políticos.
Tio Sam quer que VOCÊ o ajude a ganhar terreno… em mais uma luta contra o Oriente.
Mas, qualquer passo excessivamente entusiástico na direção de Satoshi … e os "líderes do mundo livre" podem sinalizar um afrouxamento do compromisso com o dólar — aumentando a propensão do resto do mundo a dumpá-lo por bitcoin.
Essa propensão pode despencar se os EUA agirem obtusamente pra proteger o dólar dos seus adversários criptográficos.
Ou pode disparar se agirem decisivamente pra potencializar sua influência percebida sobre a criptomoeda-mãe.
Quanto mais tempo passarmos no meio do caminho — neste limbo de tantas possibilidades adjacentes para o futuro do dinheiro eletrônico — mais tempo as Bermudas, os Surinames e as Bulgárias terão para encontrar seus assentos nessa grande dança das cadeiras… antes que a música finalmente páre de tocar.
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Kkkkkkk, bom a impressão formada veio do curso. Claro que tem o viés de que essa é a janela pela qual olho, as lives e reações, como vc sempre reage ao Chico ou ao Guiriba, rindo bastante do lado mais degen deles, rs, acaba passando essa impressão.
Compartilha mais então, kkkkk.
Nobre Felipe, sou aluno do VRC5, li com mto prazer seu livro. E preciso dizer o qnto vc escreve bem.
Como o degenerado cripto q existe em vc parece ter adormecido, aproveita e escreve com mais frequência, rs, ou quem sabe prepara o próximo livro, vc manda mto bem. Parabéns.